Porto Alegre: a Política Cultural em números

No aniversário da cidade, reunimos links para dados sobre o orçamento da Cultura de Porto Alegre, que publicamos anteriormente


Na data em que comemoramos o aniversário da cidade, nada melhor do que alguns dados para auxiliar na reflexão e no debate sobre a realidade das nossas políticas culturais.
Além dos dados do orçamento municipal para o Carnaval, publicados na postagem anterior, reunimos aqui links para outros dados publicados anteriormente. Assim como o Carnaval, o projeto de Descentralização também foi objeto de um levantamento que fizemos, ano passado. Confira aqui.

Veja aqui o ranking das capitais brasileiras segundo o percentual  do orçamento que investiram em cultura, desde 2002. Porto Alegre ocupa a oitava posição.

Você pode consultar também outro ranking das capitais, segundo o percentual que gastaram com seu Patrimônio Cultural . Neste, Porto Alegre é a décima-quarta.

Veja também a série histórica dos percentuais orçamentários da cultura em Porto Alegre, desde a criação da Secretaria Municipal da Cultura, em 1988. (Com dados até 2015. Em breve publicaremos uma atualização aqui)


Evolução do orçamento do Carnaval de Porto Alegre 2006-2017

Carnaval, aquarela de J. Lutzemberger (1947)
Foto: Fabio del Re e Claudio Stein/Reprodução PMPA

Apesar de o Orçamento destinar valores cada vez maiores ao Carnaval, a execução não acompanhou este crescimento, caindo progressivamente a partir de 2012. 


Nota: Se você acesso o conteúdo original desta postagem (janeiro de 2017), confira com a atual. Alguns dados foram corrigidos. 


No início de 2017, com o objetivo de contribuir para o debate público suscitado pela decisão do Prefeito Nélson Marchezan Jr. de não executar os valores previstos no Orçamento de 2017 para o Carnaval de Porto Alegre - que chegavam a R$ 7,5 milhões - devido à situação financeira do Município, fizemos um levantamento dos valores investidos ao longo da última década pelo Município. As fontes utilizadas são as Leis Orçamentárias Anuais (LOAs) e o portal do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Agora, revisamos os dados e complementamos o levantamento com os valores de 2017. É uma oportunidade de conhecer melhor as políticas culturais de Porto Alegre, na semana em que comemoramos seu aniversário.

O período considerado inicia em 2006, porque somente a partir deste ano a Secretaria de Planejamento e Gestão disponibiliza as LOAs no site. Já para a execução orçamentária, o Portal do TCE disponibiliza dados a partir de 2003.


No gráfico à direita, verifica-se uma constante defasagem entre os valores orçados e executados; e uma inversão de tendência. Nos anos de 2006-8 e 2010-12, o Município gastou mais do que o previsto (mais que o dobro, no primeiro ano); já em 2009 e no período 2013-17 (últimos cinco anos da série), gastou menos. Observa-se também que o valor previsto para o Carnaval cresceu de forma extraordinária no período (de R$ 1,7 para R$ 7,5 milhões, ou 369%), muito acima do crescimento da despesa total do Município (222%) e mais que o dobro do crescimento do orçamento da Cultura (150%).

Contudo, quando observamos a execução das despesas com o Carnaval, segundo o TCE, nota-se uma redução progressiva a partir de 2012, atingindo em 2016 o menor valor da série histórica (antes de chegar a zero, no ano seguinte), não obstante os aumentos da despesa total do Município (190%) e da SMC (7,2%). A tabela com os valores (link abaixo) mostra também a variação real dos valores, considerada a inflação de 92% no período, segundo o IPCA.

No gráfico à esquerda, verifica-se que houve uma convergência entre valores previstos e efetivados, em termos percentuais. Embora o percentual destinado ao Carnaval nas LOAs tenha aumentado (de 0,08% para 0,11%), o percentual empenhado, que habitualmente ultrapassava o previsto, foi sendo reduzido progressivamente, até que em 2016 pela primeira vez ficou abaixo do previsto na LOA. O percentual da despesa em Carnaval empenhado em 2016 foi menos de 1/3 do percentual de 2006 (de 0,34% para 0,10%).

Acesse aqui a tabela com os dados (em Word).

Pesquisa europeia revela a percepção dos cidadãos sobre o Patrimônio Cultural

Publicação da Pesquisa Especial Eurobarômetro marcou o lançamento do Ano do Patrimônio Cultural Europeu 2018


Por ocasião do lançamento do Ano Europeu do Patrimônio Cultural, foi publicada nova edição do Eurobarômetro, no Fórum Europeu da Cultura, em Milão, em 7 de dezembro de 2017. É a primeira pesquisa no âmbito da União Europeia sobre o tema do patrimônio cultural.

O projeto Eurobarômetro reúne dados sobre opinião pública na União Europeia, a respeito de temas-chave. A pesquisa Eurobarômetro Especial 466: Patrimônio Cultural, encomendada pela Direção-Geral da Educação, Juventude, Desporto e Cultura da Comissão Europeia, recolheu dados sobre as opiniões e impressões das pessoas a respeito do patrimônio cultural em toda a UE, de forma até então inédita.

O estudo investigou o envolvimento pessoal, a importância e os valores atribuídos ao patrimônio cultural pelos cidadãos. Analisa a participação nas atividades do patrimônio cultural e as barreiras ao acesso à cultura, bem como a percepção do impacto do patrimônio cultural sobre o turismo e o emprego e a opinião pública sobre a proteção do patrimônio cultural na Europa.

Veja alguns resultados:

Clique para ler o relatório.
(em inglês, alemão ou francês)
  • 60% dizem que vivem perto de monumentos ou sítios históricos, 37% vivem perto de eventos tradicionais ou festivais e 32% vivem perto de obras de arte, por exemplo, em museus ou galerias. 
  • Pouco mais da metade (51%) estão pessoalmente envolvidos no patrimônio cultural. 
  • Mais da metade (55%) usaram a Internet nos últimos 12 meses para pelo menos um dos diversos fins do patrimônio cultural; como pesquisar informações relacionadas ao patrimônio cultural, como a acessibilidade, instalações e características de um museu, monumento ou evento tradicional em preparação para uma visita ou um feriado.
  • Mais de dois terços (68%) concordam que a presença do patrimônio cultural pode influenciar o destino das férias.
  • Mais de oito em cada dez (84%) pensam que o patrimônio cultural é importante para eles pessoalmente. A mesma proporção de entrevistados (84%) pensa que o patrimônio cultural é importante para a comunidade local, 87% pensam que é importante para a região e 91% pensam que o patrimônio cultural é importante para o país. Oito em cada dez (80%) acreditam que o patrimônio cultural é importante para a União Europeia.
  • Mais de dois terços dos entrevistados gostariam de saber mais sobre o patrimônio cultural europeu (68%).
  • Uma grande maioria (82%) concorda sentir orgulho de um monumento histórico ou local, obra de arte ou tradição de sua região ou país.
  • Mais de sete em dez concordam que viver perto de lugares relacionados ao patrimônio cultural da Europa pode melhorar a qualidade de vida das pessoas (71%).
  • Nos últimos 12 meses, 61% dos entrevistados visitaram um monumento ou site histórico, 52% participaram de um evento tradicional e 50% visitaram um museu ou galeria.
  • Mais de quatro em dez viram um evento de artes cênicas tradicionais ou clássicas (43%), enquanto três em dez visitaram um local de trabalho artesanal tradicional ou visitaram uma biblioteca ou arquivo (30%).
  • Pouco mais de um quarto foi ao cinema ou um festival para ver um filme europeu clássico produzido há pelo menos 10 anos atrás.
  • A participação nas atividades do patrimônio cultural varia muito entre os países.
  • Quase oito em dez entrevistados concordam que o patrimônio cultural ou as atividades relacionadas ao patrimônio cultural criam empregos na UE (79%).
  • A maioria (56%) discorda de que o patrimônio cultural é mais para visitantes de fora da UE do que para os cidadãos da UE, mas quase quatro em cada dez (38%) concordam.
  • Uma grande maioria dos entrevistados (88%) concorda que o patrimônio cultural deve ser ensinado nas escolas. Pelo menos três quartos dos entrevistados em cada Estado-Membro também concordam.
  • Quase três quartos dos entrevistados (74%) concordam que as autoridades públicas devem alocar mais recursos para o patrimônio cultural da Europa.
  • Quando se trata de quais atores devem proteger o patrimônio cultural, os entrevistados mencionaram as autoridades nacionais (46%), a UE (40%), as autoridades locais e regionais (39%) e os próprios cidadãos (34%)
Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis na página da Comissão Européia, e podem ser discriminados de acordo com determinadas categorias (por exemplo, por município, por grupo de países, por tendência e de acordo com os critérios sociodemográficos). Além das bases de dados e do  relatório geral, existem fichas com os dados para cada um dos Estados-Membros da UE, disponíveis em inglês e nas línguas nacionais.


Fontes: Notícia no site da Unesco (Escritório de Ligação em Bruxelas) e Relatório Eurobarometer 2018. Tradução e adaptação do Observatório da Cultura.